segunda-feira, 1 de julho de 2019

RUMO AO PICO DA SERRA DA PIEDADE, AINDA DE MADRUGA

Santuário Nossa Sra. da Piedade / Caeté - Minas Gerais
Por: Claudiney Penaforte

É incrível como há comportamentos culturais que desaparecem repentinamente, seja
por influência tecnológicas, poder do tempo e/ou morte dos adeptos.

Eu, por exemplo, sempre que se aproxima a data do feriado de 7 de setembro, dia
em comemoração a Independência do Brasil, me recordo do ato cultural que fiz parte
com orgulho e desejo que algum dia ainda vou repedir, onde, ainda no dia 6 do mês
citado, combinávamos entre amigos, colegas e conhecidos de “vista”, de nos
encontrarmos em algum local na cidade de Caeté (geralmente na Praça de José
Brandão ou Poliesportivo da cidade) para seguirmos madrugada a dentro rumo ao
Santuário Nossa Senhora da Piedade, carinhosamente chamada, quase sempre,
pelos caeteense, como: Serra da Piedade.
Como de costume e sem a ajuda dos aplicativos de redes sociais e bate-papo, já no
primeiro dia do mês de setembro de cada ano, começávamos os burburinhos a respeito da
hora, local, ritmo da caminhada, bebida a se levada, vestimenta adequada ao frio
cada ano mais forte e o grupo que juntaríamos para caminharmos a noite; sem celular
(acho que ainda nem havia chegado ao cidadão comum), lanterna ou qualquer
ferramenta do gênero.
Logico que alguns grupos levavam lanternas para serem usadas em determinadas
situações, mas em geral, todos caminhavam pelo asfalto no escuro, na maioria do
trajeto até no meio da rua, pois era raro encontrar com algum veículo neste horário.

Nunca contei o número de pessoas ou grupos que faziam este trajeto, mas imagino
que no horário que costumava ir, entre meia noite e quatro da manhã, subiam algo
entorno de cem pessoas, com idade, geralmente, entre 15 a 35 anos (maioria de
família de assalariados).

Apesar do meu respeito as religiões e de um Pai Nosso, dezenas de sinais da cruz
e Uma Ave Maria dentro da Igreja localizada no Pico da Montanha, meus objetivos
nunca foram religiosos, muito menos agradecer ou pedir algo em troca a Deus por
conseguir chegar a pé ao pico de uma das maiores e mais belas montanhas da região
que abriga hoje uma basílica, mas sim participar do ato cultural que admirava,
caminhar um trajeto desafiador, enfrentar os desafios do escuro frio, conversar com
os amigos e ver as mais lindas paisagem que meus olhos já perceberam.
Superficialmente, imagino que a maior parte dos caminhantes tinham objetivos
religiosos sim; resumidamente o trajeto era:

Sair de algum ponto na cidade, caminhar até a praça da Penha ou Grupo da Penha
para esperar os desprendidos ao longo do inicio da caminhada e aguardar por um
momento, com esperança, os que saíram de casa atrasados, e em seguir continuar o trajeto ininterruptamente até o pé da montanha, onde alguns tinham o abito de ali
mesmo esticar as cobertas e dormir algumas horas antes de continuar o agora mais
difícil trajeto, que era enfrentar ainda mais frio, enquanto subia as ladeiras da
montanha, que recentemente foi asfaltada, bem sinalizada e construído no início uma
portaria com auxilio aos turistas e taxas de entrada para automóveis (exceto com
placa de Caeté).
Ao chegar ao pico da montanha, geralmente, acompanhado dos primeiros raios de
sol, quase todos peregrinos procuravam um cantinho entre as pedras pedras, para
assim se acomodarem e...ZZZZZZZZZZZZZZZZzzzzzzZZZZZZZZZZZZz...

Quanto aos porquês da pausa neste comportamento cultural, imagino eu, que seja
por hoje termos mais facilidades aos transportes individuais e coletivos, novas regras
do santuário, preguiça, medo dos pais, facebook, whatsaap, sedentarismo, violência,
preguiça, violência, preguiça, violência e preguiça de novo.

ATENÇÃO

Horário de visitação: 7 h às 18h, todos os dias da semana.
Taxa de visitação (atualizada na data que escrevi este texto):

Motocicleta: R$ 4,00
Carri de passeio: 6,00
Van: R$ 12,00
Microônibus: R$ 18,00
Ônibus: R$ 36,00

1 746 metros a serra altitude

Mais informações no site:

www.santuarionsdapiedade.org.br

Caeté, alguma manhã nublada de junho de 2019
Claudiney Penaforte
BLOGUE: PenaforteHOJE